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Quem sou eu
- Alie Palmer.
- É curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem, mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer porque no momento em que tento falar não só não exprimo o que sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu digo.
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(Des)Cicatrizando
Dor não cria flor.
❝ Eu também tive meu coração machucado. Me dei mal, meu bem, ninguém escapa. Mas o bom disso tudo é que agora consigo abrir meu coração sem rodeios. Sim, amei sem limites. Dei meu coração de bandeja. Sonhei com casinhas, jardins e filhos lindos correndo atrás de mim. Mas tudo está bem agora, eu digo: agora. Houve uma mudança de planos e eu me sinto incrivelmente leve e feliz. Descobri tantas coisas. Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor. Que viver um amor. Tantos amigos. Tantos lugares. Tantas frases e livros e sentidos. Tantas pessoas novas. Indo. Vindo. Tenho só um mundo pela frente. E olhe pra ele. Olhe o mundo! É tão pequeno diante de tudo o que sinto. Sofrer dói. Dói e não é pouco. Mas faz um bem danado depois que passa. Descobri, ou melhor, aceitei: eu nunca vou esquecer o amor da minha vida. Nunca. Mas agora, com sua licença. Não dá mais para ocupar o mesmo espaço. Meu tempo não se mede em relógios. E a vida lá fora, me chama. (Caio Fernando Abreu)
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terça-feira, 15 de outubro de 2013
Se eu pedir pra que você prometa ficar, você promete? Se eu disser que é você que eu amo, não irá fugir? Porque é você que eu desejo nas noites frias, é teu corpo que eu quero abraçar, é a tua voz que eu quero ouvir. Eu quero a calmaria dos teus olhos ao dizer "vai ficar tudo bem", eu quero te ouvir dizendo que me ama, mesmo quando eu errar, mesmo quando eu mentir, ou apenas quando uma onda de ciúmes me arrebatar. Porque eu te amo, quando você não me merece, quando me esquece. Eu te amo quando nos damos tempo pra pensar, quando tudo parece exagerado, ou quando você se cansa de mim, e eu sei que cansa. Meu jeito excessivo, exagerado, intenso, tudo te cansa. Eu te amo quando o trabalho te ocupa demais e você não tem tempo pra mim. Eu te amo quando nega que está chateado, eu te amo quando diz que sou doce demais. E mais ainda quando diz que meu jeito de menina te encanta. Eu te amo como MPB que não sai da mente, repete, reflete, te reflete em mim. Eu te amo quando a minha cama amanhece bagunçada e eu sei que é porque você esteve ali. Eu reprimo as palavras e te olho com os olhos de uma criança que não ganhou o que queria, mimada, repetitiva, e você me abraça, me acolhe, me protege. É em teus braços que eu quero morar. Eu te amo quando nós brigamos e você diz que a culpa não é minha. Eu te amo toda vez que me deixa falando sozinha pra jogar vídeo game. Eu te amo, eu te pertenço, como o céu é do mar.
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
"Não sei como surgi. Não sei como me formei ou o que veio a se
formar primeiro. Pouco tive de memória. Pouco soube sobre mim ou quem me
carregava. Meus olhinhos ficavam fechados durante todo o tempo. Nem sequer
tempo tive para abri-los. Meu corpo não reagia a nenhum comando meu, eu não o
comandava, afinal. Mal sabia como realmente respirava. Havia sempre uma melodia
que enchia o meu tempo vago de ênfase e desejo de sair. O tempo parecia não
passar e a cada minuto ali dentro parecia esquentar cada vez mais. Mamãe
passava a mão sobre mim, mas não podia sentir sua pele. Que a meu ver devia ser
muito macia e confortável. Seus braços,
que logo me acolheriam, era o meu maior desejo. Desejo... Apenas desejo. Ouvi
papai reclamar que não me queria. Se pudesse, se conseguisse, talvez lágrimas
pudessem se tornar visíveis em meus olhos. Mas eu apenas chorava, chorava com o
coração. Lágrimas sangrentas, pesadas, densas. Lágrimas talvez, conformadas.
Não podia reagir, sempre estive inerte, como provar que não era culpado de
nada?! Sempre, percebia que ao amanhecer, uma voz doce sussurrava “Bom dia”. A
voz que me faria sorrir por dentro. Dava-me ânimo, ânsia. Meu coração sorria
desesperadamente. Desespero que me deixava em plena insegurança. Fazia-me
beirar entre continuar em sã consciência ou mergulhar em uma insanidade
imatura. Insanidade minha percebida quando ouvia a voz de papai gritar, feroz,
deixava-me em uma árdua vontade de gritar, chorar, berrar, querer fazer alguém
me ouvir. Ninguém me ouvia. Às vezes a voz de mamãe era feliz, uma alegria que
me contagiava. Outras vezes, sua tristeza também me contagiava. Todo o
sentimento que se fazia presente nela, por osmose também se fazia presente em
mim.
Os dias se passavam
lentamente, nem sequer sabia diferenciar quando era dia ou noite. Ouvia mamãe
dizer “O céu está lindo” e morria de vontade de também ver o céu. As estrelas,
a lua, tão admirada. Outrora ela dizia “Eu desisto”. Eu também desistia por
ela, por mim. Ouvia o som do chuveiro ligado. Cada gota de água que deslizavam
por seu corpo, era como uma lágrima minha. Outro dia senti papai abraçar mamãe
e pedir desculpa. Ela parecia não aceitar. Indignada, ela recuava, acusava,
gritava. Sua voz fazia meu coração apertar. A forma como seu corpo reagia me
deixava desconfortável. Agora eu realmente desistia, por ela. Eu não lutava,
não conseguia, tentava. Meu coração lutava por ela. A cada batida. Eu queria
estar lá. Eu queria ver seus olhos. Eu queria ouvir sua voz dizer novamente que
me amava. Eu queria sentir o toque da sua pele, o tamanho do seu carinho. Eu
queria cada carícia, ouvir o som da risada. O som da sua voz cantando enquanto
tentaria me fazer dormir. Eu queria ver seu novo corte de cabelo e acompanhar
com ela sua novela preferida. Vê-la chorar quando assistia a um filme de
romance ou rir com um programa de humor. Mas todos os meus planos, mas todas as
minhas ânsias estavam para acabar. Ouvi papai dizer que o dia havia chegado.
Não entendi. Talvez eu tenha perdido alguma conversa deles. Talvez eu estivesse
dormindo. Não sabia exatamente como ficar. Eminentemente me deixei inerte a
qualquer coisa que estivesse para acontecer. Houve uma grande pressa. Tudo
parecia acontecer tão rapidamente que de repente me perdia em todos os fatos.
Agora, era o meu coração em desespero.
Ouvi papai respirar fundo, pesadamente, enquanto mamãe deitava-se em
algum lugar desconfortável. Houve então uma luz abaixo de mim e eu pensei que
já estava na hora. Era hora de ver o mundo. Ver a mamãe, o papai. Ver as
pessoas que eu mais amei durante tão pouco tempo. Poder sorrir enquanto
visualizava os olhos alheios cheios de lágrimas. Mas eu estive errado o tempo
todo. Mais lágrimas sangrentas, densas, intensas. Lágrimas minhas. Meu coração
chorava novamente, agora, por mim. Algo de metal tocou em minha pele, se assim
posso definir. Meus pés desapareceram então, sem muita demora, sem hesitar, foi
à vez das minhas pernas. E assim então foi que o resto do meu corpo se desfez
completamente. Eu já não veria a noite, as estrelas, a lua, o céu. Os raios do sol
não tocariam em mim e a chuva jamais me molharia. Nenhum som de risada, choro,
ou mais chuveiro ligado. Nenhum “eu te amo”, ou melodia pela manhã para me
acordar. Cada átomo do meu pequeno e módico corpo se desfez. "
domingo, 14 de outubro de 2012
Não quero mais tuas flores de falsos
amores. Não quero mais tuas saudades fingidas. Não quero novamente ter que
reprimir meu desejo de um abraço teu. A decisão fora minha. O jogo acaba aqui.
Não quero ser apenas mais uma carta em tua mão. Carta curinga. Pra estar ao teu
lado o tempo todo, te encher de carinhos e te salvar das piores situações. Não
quero mais ter que dormir ao teu lado e acordar sabendo que teus olhos não vou
encontrar. Não estou desistindo de ti, estou desistindo de “nós”. Um nós que
nunca existiu. Não quero mais ter que passar as noites de sexta esperando você
chegar. Não quero mais tua indecisão, teus joguinhos que surram meu coração e
faz transbordar minha indiferença. Você é o tipo de pessoa inconfiável. Estou
fora dos seus joguinhos manipuladores. Já faz tempo que parei de guiar minha
vida em cima das tuas decisões. Tuas frases de pára-choque de caminhão, já não
me comovem mais. Tuas lágrimas de crocodilo? Ah, essas guarde apenas para ti.
Teu desejo de manter-me ao teu lado apenas como rótulo acabou. Já não quero
mais a tua foto sobre a cabeceira da minha cama, nem as cartas não enviadas
[com teu nome] que pousam sobre minha mesinha de canto. Hoje resolvi fazer uma
faxina em mim e estou jogando você no lixo. Você e suas promessas mal feitas.
Você e o seu sorrisinho irônico. Quem é você? Fuja do meu campo de visão
enquanto eu tento não me lembrar quem é você. Não quero mais tuas roupas
espalhadas pelo meu quarto e teu corpo sobre meu sofá. Não quero teu cheiro em
minhas vestes, nem muito menos o perfume das rosas que já estão a murchar em
minha cozinha. Eu jogo você no lixo. Você e suas músicas sem sentido, poemas
plagiados, sentimentos esquisitos. Nem sequer sabe dizer “eu te amo”. Como pude
deixar que tomasse conta de mim? Como um fantoche. Esse fantoche criou vida e
já não quer mais você como dono. Mas é que você sempre da um jeito de se safar,
de manter-se inerte as suas mancadas. Eu desisto de te perdoar. Nossa história
tinha tudo para estrelar o próximo conto de fadas. Éramos perfeitos um para o
outro e bastava que estivéssemos juntos, mas você, como aquele péssimo ator que tenta roubar a cena, de príncipe
encantado virou o bandido que rouba o coração da princesa e atrapalha todo
resto da história. Não te custaria nada continuar sendo apenas o
príncipe e tornar essa história muito mais feliz. Agora eu jogo você no lixo. Eu
estou cansada. Das tuas mentiras, dos teus truques e das tuas manhas para me
conquistar. A culpa não fora totalmente tua, mas também minha por permitir que
tomasse tanto espaço em mim. Daqui pra frente, vou
mudar, viagens, discos, outros planos. Vai ser melhor pra mim, vai
ser melhor assim, um dia a gente vai se perdoar.
sábado, 22 de setembro de 2012
“Dizem
que os suicidas são insanos. Repetem com naturalidade que são loucos e doentes.
Permito dizer que sim. São loucos, loucos por amor, são doentes, doentes,
atormentados, reprimidos pela dor. E repetem ferozmente “Que dor? Onde há dor?”.
Permita-me dizer que você não pode ver a dor. Onde ela está? O que faz? Segundo o dicionário dor é a sensação mais ou
menos aguda que incomoda, ou sensação emocional ou psicológica que causa
sofrimento. [PS: Sofrimento; Dor física. Pena moral. Acto ou efeito de sofrer.
Suportar, admitir, ter pesar, reprimir-se, tolerar.] Muito mais que dor física,
além do ter que suportar, reprimir e tolerar, a dor sufoca, estrangula,
condena.
Caminho até a janela, desajeitada, a
noite perene faz-me lembrar que a parcial luta diária vale à pena. A lua, misteriosa,
sedutora, fria, faz acender em mim uma chama de esperança. Uma calmaria
profunda. Como se por ela, fosse mais fácil sobreviver. Para todas as noites,
repentinas vezes, observá-la. Desvendá-la, como quem desvenda desesperadamente
algo que vai te fazer bem. Como um suspirar da alma. Um respirar profundo que
te salva da corda que perdura em seu pescoço. Como se no fim de tudo pudesse
haver um “valeu a pena”.
Tem algo pior aqui. Tem uma corda em meu pescoço. Há um suspiro reprimido e um respirar que nem sequer chega à garganta. E me perguntam ironicamente “Que dor é essa?” É a dor do nada. Como o nada pode doer tanto? Como o nada pode mudar tanta coisa e tornar tudo tão menos prazeroso? Como o nada pode tornar a vida tão menos vivida? A resposta é “Não sei”. Não sei quando o nada chegou. Mas arrebentou tudo. Tomou espaço e me controla em todos os lugares. Tem total direito sobre mim e controla-me como uma boneca de pano. Boneca sem forças pra lutar, pra dizer não. Eu sei que tem esperança no fim desse túnel. A pergunta é “vou chegar lá?” ou “Como vou até lá?”. Meu corpo inteiro está cedendo. Minha alma, nem sequer sei onde foi parar. Escondeu-se no mais obscuro buraco dentro de mim. Não passo de um corpo inútil e monótono que só sabe falar sobre a mesma coisa de sempre: Nada. Dor. Sofrimento. O cérebro grita com freqüência ‘’Deixa de ser idiota’’ e o coração cansado só repete ‘’Desiste’’. Desconfiança ronda todas as minhas ligações sanguíneas. Meus átomos ridicularizados reprimem-se a risada do nada. Ri, dia e noite, persegue-me. E prometeu “Jamais te deixarei sozinha”. Quanto paradoxo. Será que devo confiar em sua presença? Mas alugou-me. Aloja-se em meu banheiro e observa-me enquanto tomo banho. Esconde-se embaixo do meu cobertor e me abraça enquanto durmo. O nada, nem sequer sei como, já me dominou. Como um animal dócil , eu simplesmente cedi. Não por ser fraca. Mas por medo, ânsia, falta de forças, foco ofuscado. Medo do monstro que já não mora dentro do meu armário, ou debaixo da minha cama, mas aquele que mora dentro de mim. Ânsia pelo quase, e pelo “e se”. E se não for desse jeito? Se eu estiver no caminho errado? Será que essas ruas tornarão meu objetivo mais difícil de ser alcançado? Não quero saber. Tudo que queria era fechar os olhos e acordar três ou quatro meses depois. Abrir a porta e encontrar uma carta. O celular tocar, a tevê ser desligada, pra acabar com a sensação de que estou sozinha. Ou rádio que fica na cozinha e toca o dia inteiro para me fazer companhia.
O nada então se tornou meu tudo. O meu suspirar, andar, sorrir [falsamente]. Caminhar pelas ruas tão naturalmente como se nada estivesse acontecendo. Como se esse turbilhão dentro de mim fosse algo passageiro. Eu esperei desesperadamente que fosse. Mas não foi. Não me culpem. Ou talvez farão isso em breve. Colocarão sobre mim toda a culpa do mundo. Por ter sido tão estúpida, cega, burra. Por ter sido sempre o “quase” e nunca o “tudo”. Por fazer esquecerem-me. Mas fui intensa. Com uma veia para o drama. Deixei a vida me levar, caminhos que sobre uma linha tênue permitir-me caminhar. Linha tênue entre a sanidade e a lucidez. Nem lá, nem cá. Nem insana, nem lúcida. Sou eu, mera dramática, intensa, romântica incurável. Sou eu, falsa esperança, o se, o talvez. Permaneço inquieta enquanto meus leves passos levam-me a trancar a porta do quarto. Mal sabem que meu rádio ainda toca. “I'm a renegade, I always was”. O som ecoa por todo o ambiente. O vento faz as árvores dançarem a oeste da cidade, percebo, meu corpo segue pelo mesmo conceito. A oeste, até se cansar. “It won't be fast enough”. Quanta ironia da músia. Suspiro falsamente enquanto deixo minhas quase lágrimas sobre este papel. Mal sabem que vos escrevo sobre uma forte tempestade que ampara meu coração. Mal sabem o quanto é difícil escrever com os olhos cheios de lágrimas. Mal sabem que fui forte. Sobrevive. A tempestade, a chuva, ao sol e ao vento. E a fé? Continua comigo. E o desespero? Também. Inquieta, insana e sem graça, vou eu. Incorrigível. Mal julgada. Mal condenada. O nada me condenara. Mas por conta própria eu acabo com o nada. Aqui e agora. Sem muito porém, quase , e se. Acabou-se o nada. Acabou-se a doce garota. “
Tem algo pior aqui. Tem uma corda em meu pescoço. Há um suspiro reprimido e um respirar que nem sequer chega à garganta. E me perguntam ironicamente “Que dor é essa?” É a dor do nada. Como o nada pode doer tanto? Como o nada pode mudar tanta coisa e tornar tudo tão menos prazeroso? Como o nada pode tornar a vida tão menos vivida? A resposta é “Não sei”. Não sei quando o nada chegou. Mas arrebentou tudo. Tomou espaço e me controla em todos os lugares. Tem total direito sobre mim e controla-me como uma boneca de pano. Boneca sem forças pra lutar, pra dizer não. Eu sei que tem esperança no fim desse túnel. A pergunta é “vou chegar lá?” ou “Como vou até lá?”. Meu corpo inteiro está cedendo. Minha alma, nem sequer sei onde foi parar. Escondeu-se no mais obscuro buraco dentro de mim. Não passo de um corpo inútil e monótono que só sabe falar sobre a mesma coisa de sempre: Nada. Dor. Sofrimento. O cérebro grita com freqüência ‘’Deixa de ser idiota’’ e o coração cansado só repete ‘’Desiste’’. Desconfiança ronda todas as minhas ligações sanguíneas. Meus átomos ridicularizados reprimem-se a risada do nada. Ri, dia e noite, persegue-me. E prometeu “Jamais te deixarei sozinha”. Quanto paradoxo. Será que devo confiar em sua presença? Mas alugou-me. Aloja-se em meu banheiro e observa-me enquanto tomo banho. Esconde-se embaixo do meu cobertor e me abraça enquanto durmo. O nada, nem sequer sei como, já me dominou. Como um animal dócil , eu simplesmente cedi. Não por ser fraca. Mas por medo, ânsia, falta de forças, foco ofuscado. Medo do monstro que já não mora dentro do meu armário, ou debaixo da minha cama, mas aquele que mora dentro de mim. Ânsia pelo quase, e pelo “e se”. E se não for desse jeito? Se eu estiver no caminho errado? Será que essas ruas tornarão meu objetivo mais difícil de ser alcançado? Não quero saber. Tudo que queria era fechar os olhos e acordar três ou quatro meses depois. Abrir a porta e encontrar uma carta. O celular tocar, a tevê ser desligada, pra acabar com a sensação de que estou sozinha. Ou rádio que fica na cozinha e toca o dia inteiro para me fazer companhia.
O nada então se tornou meu tudo. O meu suspirar, andar, sorrir [falsamente]. Caminhar pelas ruas tão naturalmente como se nada estivesse acontecendo. Como se esse turbilhão dentro de mim fosse algo passageiro. Eu esperei desesperadamente que fosse. Mas não foi. Não me culpem. Ou talvez farão isso em breve. Colocarão sobre mim toda a culpa do mundo. Por ter sido tão estúpida, cega, burra. Por ter sido sempre o “quase” e nunca o “tudo”. Por fazer esquecerem-me. Mas fui intensa. Com uma veia para o drama. Deixei a vida me levar, caminhos que sobre uma linha tênue permitir-me caminhar. Linha tênue entre a sanidade e a lucidez. Nem lá, nem cá. Nem insana, nem lúcida. Sou eu, mera dramática, intensa, romântica incurável. Sou eu, falsa esperança, o se, o talvez. Permaneço inquieta enquanto meus leves passos levam-me a trancar a porta do quarto. Mal sabem que meu rádio ainda toca. “I'm a renegade, I always was”. O som ecoa por todo o ambiente. O vento faz as árvores dançarem a oeste da cidade, percebo, meu corpo segue pelo mesmo conceito. A oeste, até se cansar. “It won't be fast enough”. Quanta ironia da músia. Suspiro falsamente enquanto deixo minhas quase lágrimas sobre este papel. Mal sabem que vos escrevo sobre uma forte tempestade que ampara meu coração. Mal sabem o quanto é difícil escrever com os olhos cheios de lágrimas. Mal sabem que fui forte. Sobrevive. A tempestade, a chuva, ao sol e ao vento. E a fé? Continua comigo. E o desespero? Também. Inquieta, insana e sem graça, vou eu. Incorrigível. Mal julgada. Mal condenada. O nada me condenara. Mas por conta própria eu acabo com o nada. Aqui e agora. Sem muito porém, quase , e se. Acabou-se o nada. Acabou-se a doce garota. “
Escreveu sobre si
pela última vez antes de lançar-se da janela em
busca do tudo. Onde o nada não existisse.
"Lanço-me ao vento
Ao âmago do nada, perpétua noite admoesta
Há de me acolher, pequena lua ascendente.
Trará a mim, a segurança calmamente,
Ao venerar-te a cada momento."
Ao venerar-te a cada momento."
sábado, 21 de julho de 2012
Tiquetaque.
Tiquetaque. Tiquetaque. Tiquetaque
.
.
O relógio sussurra, amedrontado. São quase
três horas da manhã. Não há qualquer vestígio de algo vivente no quarto, além
de mim. E da saudade. Tiquetaque. O relógio faz mais uma vez e o meu coração
acompanha cada segundo como se fosse o último. Há papéis jogados por todos os
lados. A decoração não me satisfaz. A cama está desarrumada e o cobertor já não
me aquece. Não tanto quanto teu corpo me aquecia. Não tanto quanto tua presença
me libertava. Porque agora o relógio me reprime. O rádio ainda toca nossa
música. A culpa fora minha? Não, a culpa fora nossa. E eu devo pedir-te
desculpas, não sei ao certo se começo com uma saudação. Mas preciso
desculpar-me. Por todas as vezes que rabisquei sua agenda. Por ter quebrado seu
DVD e por ter feito barulho quando o sindico do seu prédio já havia chamado-lhe
a atenção. Desculpar-me por queimar sua comida e deixar o sorvete derreter.
Desculpar-me por ter queimado o mapa da viagem que nunca traçamos. E eu devia
[eu queria] desculpar-me. O vazio dentro de mim é culpa sua. Por ter me calado
quando eu queria gritar. Por ter me abraçado quando o meu mundo desabou. Por
ter segurado o céu que caia sobre minha cabeça. A culpa é sua. É culpa sua meus
olhos vermelhos. De lágrimas que antes você não deixara cair. É culpa sua que
minha alma esteja perdida, ela precisa do alicerce que é você. A culpa é sua
por essa madrugada não ter fim. Pela lua que se esconde, pelas estrelas que estão
a perder o brilho. A culpa é sua por ter me tratado tão bem. Por todas as
caricias, por todos os beijos, por todas as noites que fiquei a te observar.
Essas noites caem sobre mim agora. Mas não há você ao meu lado para que eu
observe. Não me culpe, a culpa é toda sua por me fazer acreditar que era algo
real. A culpa é sua por ter feito eu te amar.
Tiquetaque.
Tiquetaque. Tiquetaque. Ainda dá tempo de você voltar.
Eu não me importaria de abrir a porta da
minha casa durante a madrugada para você. Faltam exatamente quinze minutos para
nada. [apenas para dar três horas da manhã]. Será que você vem? Meu corpo está
todo arranhado, estou com marcas suas por inteira. Eu não consigo mais dormir e
meus olhos também já não podem mais mentir. A neblina cobre todas as minhas
esperanças. Não poderia arriscar. O telefone não toca. O café esfriou. Se você estivesse aqui, a dor se tornaria
mais suportável. Você não está. Não sei se mereço tanto. Nem sei ao certo se
tive tempo para virar sua vida de cabeça para baixo ou na diagonal. Perdi-me.
Em teus horizontes. A culpa é sua. A porta não se move. Mas o quarto diminui.
Meu espaço é pouco. Teu retrato ainda
está na cabeceira da minha cama. Uma gotícula de felicidade percorre todas as
minhas ligações sanguíneas. É como a esperança que se restitui. Ainda dá tempo
de você voltar. Bater na minha porta. Não diz nada, entra, arrebata-me, como
fizera da última vez.
Tiquetaque..
Ainda estou esperando.
Interrompi o relógio. Fiz o tempo parar. E eu
vou congelar-me aqui. Onde você me deixou. Estou esperando alguém bater na
porta. Eu estou esperando você. Uma mensagem sua, uma carta, um telegrama, o
que seja, precisa ser você. Sem o
relógio que sussurra melancolicamente em meus ouvidos e me faz digerir todo o
drama esquecido. Então, bate na minha porta. Ainda dá tempo. Se quiser, só
entre. A chave está escondida no mesmo lugar de sempre. Não suporto o amargo de amar sozinha, viver
sozinha. Não dá pra sorrir sozinha. Então, arremessa o relógio para bem longe
daqui? Ah, traga-me um copo de água, e traga-me você também. Mas... Se não
quiser, apenas faça meu telefone tocar. Me deixa ouvir tua voz. Me deixa
implorar por cada átomo seu. Só me deixa
saber que você ainda se importa. Ainda dá tempo. O teu cheiro reveste todo o
meu quarto. Assim como a tua imagem. Falta você. Tiquetaque.. Tiquetaque...
Tiquetaque. Anda logo. Ainda dá tempo.
Era fácil
ser sozinha. Era fácil sermos apenas eu e eu mesma. Sem ecos. Uma casa vazia,
um quarto vazio, uma janela aberta para
arejar o cheiro de nostalgia. Sem medo do que haveria de ser o dia de amanhã.
Uma rotina pronta. Nada de bagunça, além da que já existia em minha cabeça. O
rádio que ainda tocava as velhas músicas, rock clássico. Casa arrumada, cama arrumada.
Não há indícios de que alguém dormira nela há muito tempo. Nenhum cobertor
havia ali para aquecer o frio de dentro. E eu me acostumei. Acostumei-me ao
gelo que corria em minhas ligações sanguíneas. Acostumei-me com o meu suspirar
a cada cinco minutos. Acostumei-me com nenhuma carta na caixa de correio, com
nenhuma mensagem no e-mail e até mesmo com a falta de ligações com que meu
celular sofria.
Até que ele passou a dizer seu nome, vibrar de alegria e acender uma luz azul para chamar minha atenção.. Assim como o ‘Se cuida’ que ouvi de sua voz na primeira vez que nos vimos. “—Eu te odeio –“ Costumava dizer em relação a meus sentimentos sobre você. E apenas assentia. Dizia “—Idiota –“ Não, na verdade, essa era a voz do meu coração tentando dar uma bronca no cérebro, que se dizia maior, racional e menos estúpido.
Mas, apesar de estúpido, o coração também era sensível e hipócrita. E eu queria ser hipócrita. Cega, burra, estúpida. Eu queria te amar desse jeito melancólico. Desde a primeira vez que esteve na minha casa. Desde a primeira vez que me arrancou um sorriso bobo. Desde a primeira vez que me fez esquecer a solidão. Correndo pela casa, cozinhando, ou queimando a comida, fazendo café ou um suco azedo. Guerras de travesseiro. Menos medo, mais anseio pelo dia de amanhã e dessa vez a cama andava bagunçada, assim como minha cabeça, ainda mais. A casa andava bagunçada e o cheiro não era mais de nostalgia. Fazendo brigadeiro ou assistindo tevê. Brigando pelo controle quando ainda jurávamos que era amizade. E fazíamos coisas que amigos faziam. Xingando um ao outro, ou apenas tentando derrubá-lo do sofá. Foi assim que tudo começou. Bagunçava meu cabelo e dizia o quanto eu era feia quando acordava.
“—Eu também te amo. –“ A voz brava dizia, lembrando-se de como toda brincadeira tem um fundo de verdade.
O sol já alcançava minha pele e eu já sentia como tudo era aquecido por dentro. Como cada cubo de gelo era derretido de uma forma tão rápida e ágil. Um beijo aqui, outro ali. “Eu te odeio” ainda rolava dos seus lábios. Mas então, não fazíamos tanta coisa de amigos assim. Você passou a dormir na minha casa e fazer dela o seu lar. E eu fiz do seu coração o meu lugar. Amei de um jeito estúpido. Amei, boba, burra e cega, como queria. E eu esperava isso de você. Esperava que fosse diferente. E foi diferente. Brincamos feito crianças, amamos feito gente grande. Sem crueldade, um pouco de malícia aqui ou ali. Um cheiro diferente ficou preso ao meu travesseiro. Ainda tenho certeza que foi o seu. Assim como a tua imagem ficou presa em cada parte da minha casa. E eu reconhecia agora a garota que via no espelho. E diferente de todas as outras vezes, dessa vez eu sentia orgulho daquela garota. Era capaz de amar novamente.
Vieram às brigas, tontas, idiotas, mas que ainda me faziam chorar quando você batia a porta e dizia ‘Eu vou embora’. E realmente ia. Mas no outro dia voltava. Abraçava-me e me acolhia novamente. E eu te acolhi. Fiz da minha casa a sua e do meu coração o seu lar também. ‘Adeus’. Foi sua última palavra antes de sair com sua mala de roupas. Chorei durante a noite, e quando o sol veio a tocar-me também. Mas ouvi o bater da porta e esperei desesperadamente que fosse você. Abri, mas era apenas o entregador do jornal. Voltei a minha cama e adormeci enquanto desejava que você estivesse do meu lado. Senti-me aninhada a braços que não eram meus, sonho ou pesadelo, abri os olhos e lá estava você. ‘Desculpa’, sussurrava. E meu coração gritava ‘Eu te amo’. E eu sentia que o seu dizia isso à medida que sua pulsação descontrolava.
E eu não sei quanto tempo levou. Nem quanto tempo leva. Mas meu coração ainda é seu. Porque ainda sinto tuas mãos nas minhas e eu sei que é verdade, porque ainda está lá ao meu lado. Porque todo dia antes de dormir eu ouço uma voz sussurrar ‘Boa noite’ e eu sei que é você. Porque o medo que me consumia tornou-se apenas o medo de perder você. E hoje eu acordei com uma vontade de te agradecer por tudo que me causou e ainda causa. Por todos os abraços que me acolheram e me fizeram sentir-me melhor. Pelo novo cheiro e pelo novo jeito que deu a minha casa, minha cabeça e meu coração. Pela nova decoração que dera aos meus sentimentos. Por fazer-me acreditar que ainda sou capaz. Pelo jeito bobo que me olha e por ainda fazer meu coração acelerar quando diz “Eu te amo”. Acordei com uma vontade louca de agradecer por você ser meu. No passado, no presente, e no futuro.
Até que ele passou a dizer seu nome, vibrar de alegria e acender uma luz azul para chamar minha atenção.. Assim como o ‘Se cuida’ que ouvi de sua voz na primeira vez que nos vimos. “—Eu te odeio –“ Costumava dizer em relação a meus sentimentos sobre você. E apenas assentia. Dizia “—Idiota –“ Não, na verdade, essa era a voz do meu coração tentando dar uma bronca no cérebro, que se dizia maior, racional e menos estúpido.
Mas, apesar de estúpido, o coração também era sensível e hipócrita. E eu queria ser hipócrita. Cega, burra, estúpida. Eu queria te amar desse jeito melancólico. Desde a primeira vez que esteve na minha casa. Desde a primeira vez que me arrancou um sorriso bobo. Desde a primeira vez que me fez esquecer a solidão. Correndo pela casa, cozinhando, ou queimando a comida, fazendo café ou um suco azedo. Guerras de travesseiro. Menos medo, mais anseio pelo dia de amanhã e dessa vez a cama andava bagunçada, assim como minha cabeça, ainda mais. A casa andava bagunçada e o cheiro não era mais de nostalgia. Fazendo brigadeiro ou assistindo tevê. Brigando pelo controle quando ainda jurávamos que era amizade. E fazíamos coisas que amigos faziam. Xingando um ao outro, ou apenas tentando derrubá-lo do sofá. Foi assim que tudo começou. Bagunçava meu cabelo e dizia o quanto eu era feia quando acordava.
“—Eu também te amo. –“ A voz brava dizia, lembrando-se de como toda brincadeira tem um fundo de verdade.
O sol já alcançava minha pele e eu já sentia como tudo era aquecido por dentro. Como cada cubo de gelo era derretido de uma forma tão rápida e ágil. Um beijo aqui, outro ali. “Eu te odeio” ainda rolava dos seus lábios. Mas então, não fazíamos tanta coisa de amigos assim. Você passou a dormir na minha casa e fazer dela o seu lar. E eu fiz do seu coração o meu lugar. Amei de um jeito estúpido. Amei, boba, burra e cega, como queria. E eu esperava isso de você. Esperava que fosse diferente. E foi diferente. Brincamos feito crianças, amamos feito gente grande. Sem crueldade, um pouco de malícia aqui ou ali. Um cheiro diferente ficou preso ao meu travesseiro. Ainda tenho certeza que foi o seu. Assim como a tua imagem ficou presa em cada parte da minha casa. E eu reconhecia agora a garota que via no espelho. E diferente de todas as outras vezes, dessa vez eu sentia orgulho daquela garota. Era capaz de amar novamente.
Vieram às brigas, tontas, idiotas, mas que ainda me faziam chorar quando você batia a porta e dizia ‘Eu vou embora’. E realmente ia. Mas no outro dia voltava. Abraçava-me e me acolhia novamente. E eu te acolhi. Fiz da minha casa a sua e do meu coração o seu lar também. ‘Adeus’. Foi sua última palavra antes de sair com sua mala de roupas. Chorei durante a noite, e quando o sol veio a tocar-me também. Mas ouvi o bater da porta e esperei desesperadamente que fosse você. Abri, mas era apenas o entregador do jornal. Voltei a minha cama e adormeci enquanto desejava que você estivesse do meu lado. Senti-me aninhada a braços que não eram meus, sonho ou pesadelo, abri os olhos e lá estava você. ‘Desculpa’, sussurrava. E meu coração gritava ‘Eu te amo’. E eu sentia que o seu dizia isso à medida que sua pulsação descontrolava.
E eu não sei quanto tempo levou. Nem quanto tempo leva. Mas meu coração ainda é seu. Porque ainda sinto tuas mãos nas minhas e eu sei que é verdade, porque ainda está lá ao meu lado. Porque todo dia antes de dormir eu ouço uma voz sussurrar ‘Boa noite’ e eu sei que é você. Porque o medo que me consumia tornou-se apenas o medo de perder você. E hoje eu acordei com uma vontade de te agradecer por tudo que me causou e ainda causa. Por todos os abraços que me acolheram e me fizeram sentir-me melhor. Pelo novo cheiro e pelo novo jeito que deu a minha casa, minha cabeça e meu coração. Pela nova decoração que dera aos meus sentimentos. Por fazer-me acreditar que ainda sou capaz. Pelo jeito bobo que me olha e por ainda fazer meu coração acelerar quando diz “Eu te amo”. Acordei com uma vontade louca de agradecer por você ser meu. No passado, no presente, e no futuro.
domingo, 27 de maio de 2012
Queria escrever à ti a carta mais extensa, recheada com as palavras mais
belas e a mais extravagante ortografia que meus dedos nada ágeis seriam
capazes de fazer. Mas aqui, neste quarto mal iluminado, observando esta
imensidão vazia dentro do papel, creio que jamais seria possível
escrever quão intenso são meus sentimentos.
Agora, observo a luz da cidade pela janela, revivendo nossos momentos juntos, degustando devagar cada palavra dita, cada gesto inocente que a simples lembrança me trazem formigamentos na pele. Recordo bem daquele dia das mãos dadas - não trago na memória o lugar em que estávamos, uma vez que quando sinto seu toque, o resto evapora como num passe de mágica -, andávamos com os dedos entrelaçados, ignorando qualquer vestígio de outros seres ou outros mundos. Naquele momento, éramos nós, eu e você, entrelaçados por dedos infinitos que se uniam e, dentro de mim, jamais seriam separados. Eu já não era apenas eu - era também você, assim como você era eu - éramos dois-em-um.
Voltando de meus devaneios no escuro, senti a brisa da janela balanças meus fios de cabelo, transportando-me novamente à uma nova lembrança. Esta, mais vívida que as anteriores por motivos que nunca soube decifrar. Talvez fosse aquela lua cheia que fez seus olhos brilharem mais, talvez fosse aquele abraço capaz de fazer milagre, ou talvez fossem aquelas palavras ditas de maneira tão doce e séria, tão eu-e-você. Você encaixou minha cabeça no seu pescoço e me apertou quase me sufocando de amor, sussurrando em meu ouvido, fazendo cócegas em minha orelha “Eu quero ficar com você, sempre”. Naquele momento, não passara pela minha cabeça que você era mais do que uma pequena chama de alegria que a vida pusera em meu caminho para me manter a fé. Ouvindo seus lábios cheios dizerem aquilo, fez tudo ficar tão certo, tão confuso, finalmente entendi. Éramos opostos, mas diferentes. Éramos opostos que, juntos, se somavam, jamais anulando-se. Éramos nós que não desatam. Entre tantos enganos, tantos erros e acertos, tantas coisas que me doeram o peito, era bom saber que finalmente havia encontrado aquilo que há tempos perdia a esperança de encontrar, e isso me encheu de uma vontade de você que meu coração diz que jamais será saciada. Acabei, por fim, escrevendo em incontáveis linhas desta carta “sinto vontade de você”, pensando que havia feito uma de minhas cartas mais sinceras, apesar do vocabulário extremamente simples - apesar de sabermos e concordarmos que a simplicidade torna tudo mais belo.
Assim, termino esta carta, não dizendo que sinto saudade, fato comum em meu dia. Sentir sua falta é tão involuntário quanto respirar, e quando não sinto, é porque fui presenteada com sua presença. Terminarei esta carta dizendo que te sinto nesse coração nada solitário que te pertence desde sempre. Digo-lhe um até logo, com a certeza de que mais cartas escreverei.
Com todo o meu amor,
Seu amor.
Agora, observo a luz da cidade pela janela, revivendo nossos momentos juntos, degustando devagar cada palavra dita, cada gesto inocente que a simples lembrança me trazem formigamentos na pele. Recordo bem daquele dia das mãos dadas - não trago na memória o lugar em que estávamos, uma vez que quando sinto seu toque, o resto evapora como num passe de mágica -, andávamos com os dedos entrelaçados, ignorando qualquer vestígio de outros seres ou outros mundos. Naquele momento, éramos nós, eu e você, entrelaçados por dedos infinitos que se uniam e, dentro de mim, jamais seriam separados. Eu já não era apenas eu - era também você, assim como você era eu - éramos dois-em-um.
Voltando de meus devaneios no escuro, senti a brisa da janela balanças meus fios de cabelo, transportando-me novamente à uma nova lembrança. Esta, mais vívida que as anteriores por motivos que nunca soube decifrar. Talvez fosse aquela lua cheia que fez seus olhos brilharem mais, talvez fosse aquele abraço capaz de fazer milagre, ou talvez fossem aquelas palavras ditas de maneira tão doce e séria, tão eu-e-você. Você encaixou minha cabeça no seu pescoço e me apertou quase me sufocando de amor, sussurrando em meu ouvido, fazendo cócegas em minha orelha “Eu quero ficar com você, sempre”. Naquele momento, não passara pela minha cabeça que você era mais do que uma pequena chama de alegria que a vida pusera em meu caminho para me manter a fé. Ouvindo seus lábios cheios dizerem aquilo, fez tudo ficar tão certo, tão confuso, finalmente entendi. Éramos opostos, mas diferentes. Éramos opostos que, juntos, se somavam, jamais anulando-se. Éramos nós que não desatam. Entre tantos enganos, tantos erros e acertos, tantas coisas que me doeram o peito, era bom saber que finalmente havia encontrado aquilo que há tempos perdia a esperança de encontrar, e isso me encheu de uma vontade de você que meu coração diz que jamais será saciada. Acabei, por fim, escrevendo em incontáveis linhas desta carta “sinto vontade de você”, pensando que havia feito uma de minhas cartas mais sinceras, apesar do vocabulário extremamente simples - apesar de sabermos e concordarmos que a simplicidade torna tudo mais belo.
Assim, termino esta carta, não dizendo que sinto saudade, fato comum em meu dia. Sentir sua falta é tão involuntário quanto respirar, e quando não sinto, é porque fui presenteada com sua presença. Terminarei esta carta dizendo que te sinto nesse coração nada solitário que te pertence desde sempre. Digo-lhe um até logo, com a certeza de que mais cartas escreverei.
Com todo o meu amor,
Seu amor.
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